Planejar uma viagem é sonhar, é imaginar um mundo novo, diferente e cheio de surpresas a serem desvendadas. A ansiedade do encontro com o local escolhido aumenta a cada dia que a data aproxima-se, a espera faz crescer a expectativa e o desejo de vivenciar logo a experiência.
A riqueza do Petar é incalculável, um misto de mata atlântica, rios, cachoeiras, muito verde, borboletas, água cristalina do Betari e as incríveis cavernas escondidas em meio a vegetação. Percorrendo as trilhas, ouvimos os pássaros, o som da água correndo entre as pedras, admiramos as flores das bromélias e a paisagem que a cada olhar se modifica com ramos e árvores moldando os mais belos cenários de um quadro natural.
Quando entrei na caverna me senti tragada pela terra, como se estivesse recebendo um abraço e um abrigo para me proteger dos perigos lá fora. As formações que encontramos no interior das cavernas são intrigantes e fascinantes, moldadas pela ação da água e do tempo há milhares de ano e, mesmo assim, tão frágeis e delicadas, facilmente destruídas pela devastação do homem.
A caverna Santana é bela, jamais vou esquecer da imagem do anjo esculpida na rocha pela natureza, da bailarina dançado no ar sem cabeça, da pata do elefante, das fendas e dos abismos, das cortinas que se descortinam em um retrato singular, da água que corre mansa de encontro ao rio, do escuro e do silêncio.
Para chegar na Caverna Água Suja percorremos uma trilha margeando o rio Betari rica em paisagens deslumbrantes, o grande desafio foi entrar na caverna vencendo o medo e o frio da água, a maioria do percurso dentro dela foi em contato com a gélida água, a recompensa do esforço foi o banho de cachoeira no final. De volta ao núcleo do Parque, andei com passos largos e cheguei na frente, saboreei um momento de paz contemplando o rio Betari mergulhando no seu canto e na sua caminhada em direção ao oceano.
Refeita da trilha, fomos conhecer a caverna Morro Preto, sua entrada é magnífica, cheia de rochas e pedras iluminadas pelas lanternas e pela pouca luz do dia que adentrava das aberturas de sua entrada. Imagino que em um dia de sol, o reflexo de seus raios deve iluminar com tons brilhantes o interior da mesma. Nessa caverna é comemorada de quatro em quatro anos uma festa em homenagem ao Parque, fiquei entusiasmada em participar da próxima, afinal, uma festa na caverna deve ser algo totalmente diferente e emocionante.
Por questão de segurança só caminhamos até o ponto onde a placa permitia, alguns aventureiros mais radicais seguem o curso pelo chamado Aborto, mas, é um trajeto de difícil acesso e muitos riscos, não recomendável. É muito importante seguirmos as normas do parque e instruções dos guias para evitarmos acidentes.
No segundo dia de aventura conhecemos mais uma caverna chamada Lambari após percorrer uma trilha em alguns pontos escorregadia, com alguns tombos e muitas risadas. A Lambari fica dentro de uma montanha, sua entrada é escondida pelos galhos verdes da mata. Ela também é uma caverna molhada e exige uma certa dose de coragem para atravessar um trecho nadando no escuro e sair esgueirando-se por uma fenda. Na saída, fomos conduzidos de volta a pousada no caminhão, alívio para nossas cansadas pernas.
Depois disso, findamos o passeio com um delicioso bóia-croos pelo rio, foi emocionante deixar-se guiar pela correnteza, prender-se ou ser derrubado pelas pedras. Apesar da falta de equilíbrio, foi muito divertido. O melhor mesmo foram os doces mergulhos nas límpidas águas do Betari.
A pousada da Diva é simples, porém o atendimento é muito bom, o café da manhã é apetitoso e realmente nos prepara para enfrentar a caminhada, o lanche de trilha é bem reforçado e o jantar nos devolve as energias e calorias perdidas.
Muitas das formações que vislumbramos nas cavernas demoram mais que nossa própria vida para adquirirem essa forma, me senti um fino grão perto dessa grandeza de séculos. É triste pensar que o homem é capaz de destruir em instantes o que pacientemente a natureza moldou...
Espero que a administração do Parque, a comunidade da região, a Secretaria do Meio Ambiente do Estado e os demais envolvidos, continuem a lutar pela preservação desse patrimônio natural visando mantê-lo vivo para as próximas gerações.Cada um vive sua própria experiência, faz sua própria história da viagem, tem o seu olhar e ângulo no ato de fotografar, de conhecer as pessoas e o lugar.
Esses detalhes cria um ambiente rico em relatos repletos de cor e emoção. Nos despedimos do local com o sol a iluminar a estrada de volta. Ficou a saudade desse pedaço do Brasil que é um verdadeiro paraíso em biodiversidade, as lembranças registradas nas fotos e no coração e o intenso desejo de retornar.
A arte de relacionar-se é um desafio e uma bênção que me permite aprender e ensinar com os personagens que fazem parte dos capítulos de minha história. E ainda há muito para escrever ...para trocar experiências com os irmãos que habitam o cenário de minha existência...afinal... cada amanhacer é uma dádiva...todo crespúsculo é uma passagem...e a noite as sombras nos faz enxergar a luz do ciclo que se completa e se renova dia a dia.
sexta-feira, 10 de outubro de 2008
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Notas despedidas
O clima Meu corpo anda dolorido da avalanche de demandas e cá estou para registrar minhas notas nessa manhã quente da primavera paulista. ...
-
Não conheço com profundidade as origens dos meus antepassados, mas os reverencio porque sei que eles são parte de minha história, da minha g...
-
Meu último texto do ano da série mês turbinado. Sim, 2010 está chegando ao fim. Hoje é dia 30 e já sentimos no ar a chegada de um novo ano. ...
-
Aflição que queima A primeira quinzena de setembro já foi. Ouço de muitas vozes com diferentes tons: o tempo está louco. Entre segunda e sex...
Nenhum comentário:
Postar um comentário