Pela primeira vez, aos 50 anos, fiz uma viagem
com amigas. Curta e intensa. Com momentos de silêncio, diálogo, contemplação,
caminhada, leitura, refeições sem pressas e conexões que seguem ressoando. Uma
pausa presente tão transformadora. Um tempo por você e para você. Apreciamos tanto
que já estamos planejando a próxima edição. Recebi algumas perguntas sobre a viagem e revendo desde a chegada ao hotel e o retorno pra casa, mergulhei em
reflexões que entrelaçam tantas questões, em especial, sobre a importância de
nos permitimos pausar e trilhar novos caminhos. Alguns questionamentos revelam
o quanto somos sufocadas por pressões externas que tentam nos enclausurar em
padrões que, muitas vezes, estão totalmente desalinhados com nossa essência e
afetam nossa saúde mental.
Com quem ficou os filhos enquanto você viajava?
A clássica pergunta que muitas mães ouvem. Resposta: Com o pai. Claro que como
mãe não desconectamos total, respondemos as mensagens e ligamos para ver se
estão bem. Ah mas será que o pai cuida direito? É dever dele cuidar. E sim eu
me preocupo com eles, especialmente com meu caçula, a do meio é bem madura, e estou
ciente que a escolha do pai pelas ações facilitadoras como comer fora ou ifood acontecerão.
Claro que tem muitas mães solo que não tem o companheiro e fica mais difícil
sua jornada. Outros fatores como a idade dos filhos impactam nossas decisões. Tem
muitos pais “presentes” e ao mesmo tempo ausentes dentro da própria casa no
cotidiano de muitas famílias. A carga maior ainda está com as Mães. A luta por
mudança desse cenário é longa e urgente.
Seu marido não acha ruim que você viaja
sozinha?
Essa questão tem implícita tanto julgamento e não culpo quem enviou porque é a
forma como as relações são desenhadas. Eu devo ser julgada assim: a louca tem
coragem de viajar sem o marido e filhos. Bom, meu marido já fez várias viagens sozinho
com os amigos. E tudo bem. Da mesma forma que vive se reunindo com sua turma.
Então tenho feito esse movimento de me reunir com minhas amigas só as meninas
sim. E aqui não é uma competição do tipo você fez e eu vou fazer também. É
muito fértil e saudável nos reunirmos assim. Respeitar o espaço de cada um é
importante. Tenho amigas que não vão, talvez não se sintam confortáveis ou tem
seus outros motivos e tudo bem. Cada uma tem sua narrativa, princípios e
etcssssss. Eu sei quem eu sou, o que sinto e faço. Relacionamento é construção
de confiança.
Como é a sensação de estar sozinha com as amigas numa viagem?
Maravilhosaaaaaaaaaa! Eu já havia viajado sozinha por outras motivações e para
visitar família. Dessa vez foi diferente. A ideia surgiu num dos nossos
encontros femininos. E fomos numa tríade. Eu desejo fazer uma viagem solo, só
eu, a mochila e o destino para desvendar. Não pude fazer isso no meu
aniversário de 50 anos. Está no plano futuro. Então esse convite da viagem das
meninas foi um ensaio. Muito bacana sair da sua rotina, conhecer um novo lugar,
trocar experiências no trio e com outras pessoas que conhecemos. Esses momentos
fortalecem o laço de nossa amizade e nos ensina a força que emana da união
feminina. Quantas vezes estamos presas apenas em uma única visão de determinada
situação e o olhar da outra nos traz outra leitura? Especialmente quando a
intenção é para você despertar e potencializar mudanças que te farão avançar.
Eu compreendo que muitas mulheres não possuem
ainda essa possibilidade de viajar sozinha por inúmeros recortes, um deles a violência
que nos amedronta. As taxas de feminicídio e outras discriminações e preconceitos
são gritantes. "É perigoso demais viajar sozinha." Já ouvi muito e o quanto isso
tem a capacidade de nos paralisar! Quebrar essas barreiras é um chamado a nos
unirmos cada vez mais. Eu sou muito grata por ter tido a oportunidade de viver esse
experimento. Fomos e retornamos seguras e realizadas. Recebi outras perguntas
que rendem muitas abordagens. Por hora fico por aqui e desejando que você abra
espaço para viver aquilo que palpita em seu coração. O meu está fervilhando de
desejos ardentes para seguir escrevendo minha história.
A arte de relacionar-se é um desafio e uma bênção que me permite aprender e ensinar com os personagens que fazem parte dos capítulos de minha história. E ainda há muito para escrever ...para trocar experiências com os irmãos que habitam o cenário de minha existência...afinal... cada amanhacer é uma dádiva...todo crespúsculo é uma passagem...e a noite as sombras nos faz enxergar a luz do ciclo que se completa e se renova dia a dia.
sexta-feira, 12 de setembro de 2025
Viagem das meninas
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