Chegada dos 50
Uma nova estação em minha vida, o marco do meio século e uma janela que
descortina um novo tempo de maturidade. O período que antecede a menopausa,
fase de profunda transformação em que as emoções palpitam no mar do desequilíbrio
hormonal. Sim os sinais já afloram por aqui, a amora miura já faz parte do meu
cotidiano e a busca por orientação qualificada para enfrentar os desafios do
novo ciclo. Teve celebração simples no dia 07/03/2025 na companhia das amigas. Teve
oração, riso, lágrima e gratidão.
A viagem centenária
Ainda em março, embarquei para Pernambuco, junto com minha Isa, para
comemorarmos o centenário da minha avó. Que honra ser neta dessa Fortaleza do
Sertão. Sua bênção Vozinha permanecerá em meus passos. O céu sertanejo, de dia
e noite, a vegetação, as veredas e as estradas que interligam personagens da
minha história. A viagem que restaura minhas forças, alimenta meu espírito e
enternece meu coração com fé, afeto, risadas e uma vastidão de amor que
recebemos no melhor canto de paz e acolhida. Ouvir sobre a generosidade dos
meus avós que salvaram vidas, inundou meu ser de uma gratidão tão leve. Que alegria
e que honra ouvir e sentir o abraço agradecido de tantas pessoas. Quanta vida
em poucos dias. Memorável.
Chamado e missão
Tenho rezado o Terço, em casa, na caminhada orante e nas casas que abrem suas
portas e corações para o encontro mariano. As orações são bálsamos e
multiplicam conexões que marcam. As folhas pessoas que viram adubo depois da
passagem pelo meu singelo altar, o sopro do vento do outono acendendo a
esperança no renascer da ressureição da Páscoa. Desde 2022 iniciei minha
caminhada do Terço e cada vez que eu rezo fortaleço a perseverança nesta prece
que tantas vezes presenciei na casa das minhas avós. Neste ano do jubileu conheci
o rosário do Frei Gilson e como eu aprendi com as passagens bíblicas citadas na
fervorosa oração que reuniu tanta gente. Que a presença do Espírito Santo
alimente minha força para cumprir esse chamado da Mãe Santíssima.
Tribulação e constância
Temos provações, dificuldades e batalhas, muitas deles, travadas no silêncio. Tenho
a graça de acompanhar e aprender com as relações com a família e amigos e com
os testemunhos de pessoas conhecidas e até desconhecidas, o quanto a FÉ nos
salva e ensina a valorizar o que realmente importa. Nas últimas semanas tenho
me visto, menina pequena que sempre fui...sentada do lado esquerdo em um dos
bancos próximo a porta da igreja de minha infância, e sentido as lágrimas que
aqueciam minha face quando eu rezava a Ave Maria na hora do Terço de Maio, mês
de Maria, das Mães. Uma visão que tem palpitado desde que comecei rezar este rosário
na quaresma. Um sinal de que sim, mesmo diante das adversidades eu devo manter
minha fé firme no filho de Maria, nosso Salvador.
Enxergar vai além
A visão é um dos sentidos preciosos e, ainda assim, há quem olha e não vê.
Quantas vezes estamos adormecidos ou entorpecidos com a correria e não
observamos com atenção plena os sinais que estão ao nosso redor. Num mundo ávido
pela atenção consumo, escolher pausar para enxergar a beleza da simplicidade dos detalhes é contradizer o status vigente e há uma onda que muitos dizem
pequena, mas com uma proporção rara crescente, surfando pelo oceano dessa conexão que
transforma. A folha que te escolhe na caminhada, a flor que brota no jardim, o
canto do pássaro, o encanto das fases lunares, o vento que canta, a risada de
sua mãe, a música que acaricia sua alma, a borboleta que baila nos passos na
hora que você reza por sua filha e tantas cenas que têm me aproximado cada vez mais da
esperança, da fé e do amor.