quarta-feira, 16 de novembro de 2022

Tríade de falas absurdas

Eu ando pela cidade de transporte público e coleciono cenas e conversas que me impactaram muito. Nas ruas, em parques, no restaurante, na livraria, nas plataformas e vagões do metrô e trem ...Já ouvi cada coisa e algumas ficaram marcadas. A fala é potente e as expressões dizem muito. Nesse texto sobre falas absurdas trago três situações:

1) “não acredito! A amiga da pastora que organiza junto com ela o chá das esposas virtuosas é a Amante do Pastor. Não pode ser!”
Responde a outra: É e posso provar. Gravei vídeos deles entrando no motel. Aquela mesma que me criticou por eu ter me separado do marido que me agrediu. Aparece bem a placa do seu carro e o adesivo de quem ele votou.
A ouvinte ficou pálida e disse: “então por isso você não foi mais ao culto? Eu tinha pensado que você não foi mais por causa da insistência pra gente votar você sabe em quem.”
“Não fui e nem vou mais, não nessa igreja. Aliás, vou sim para uma despedida, para dar meu testemunho da mentira daqueles que se dizem fiéis.”
Vixi que esse culto vai ferver!

2) “Odeio esses macumbeiros de merda, deviam incendiar todo terreiro.”
Parada para atravessar o farol escuto essa frase de uma “senhora cristã” que conversa com outra na rua. No bairro central de São Paulo. Ela está com a Bíblia na mão e espumando ódio na sua expressão desrespeitosa. Certamente desconhece a força dos Orixás, a grandeza da mitologia africana e destila seus comentários baseado na ignorância e preconceito.

3) “não gosto dessa gente preta.”
Essa eu ouvi de gente perto. E como o tempo se encarrega de dar voltas Eu respondi: Ué você que se diz devota de Nossa Senhora Aparecida, uma Santa Negra, a Padroeira do nosso Brasil.
“Não tem nada a ver uma coisa com a outra!”
Como não? Quem é racista contra seu irmão está ferindo a nossa Mãe Aparecida.

A igreja que critica ao invés de acolher, as “cristãs” intolerantes e que desrespeitam outra religião, a católica racista que reza para a Nossa Senhora Preta. A Fé incoerente com a AÇÃO de nada vale! Ando estarrecida com esses “cristãos.”

Da série falas Absurdas 2

Crédito imagem: Geledés

Série falas absurdas 1

Comecei a escrever uma série de falas absurdas que já ouvi e me causaram ânsia. Em algumas ocasiões vomitei de tanto que corroeu minhas entranhas, como se meu organismo tivesse que expelir a sensação para amenizar o horror. Resolvi catalogar algumas e imagino que muitas pessoas possam ter ouvido similares e até piores:

“não sei de onde a minha empregada tira alegria, fica lavando o quintal cantando samba, isso me irrita, esses dias tive de falar para ela limpar calada.”
Quando ouvi essa frase eu estava sentada na mesa, lendo meu livro enquanto meus filhos nadavam na piscina do condomínio. Fiquei imaginando o quanto a alegria da empregada incomodava essa patroa. Penso que ela nunca foi numa roda de samba e sentiu a energia alegre invadir sua alma.

“detesto esses feriados de 3 dias, quase não tenho mais louça limpa, a pia está lotada. Ainda bem que amanhã cedo a empregada vem.”
Era uma tarde quente de domingo, eu estava sentada na grama do parquinho observando meu caçula brincar. Fiquei imaginando as moscas voando pela cozinha. Entrei correndo em casa para vomitar de tanto nojo. Deve ser daquelas que se tiver uma diarreia não tem coragem de limpar a privada e preferem conviver com a merda espalhada pelo banheiro até a empregada chegar.

“Deveria ter como votar na escola particular que minha filha estuda. Odeio ir até escola em dia de votação e ver tanta gente pobre.”
Quando dizemos que essas pessoas que se sentem “superior” desdenham dos pobres de forma cruel somos chamados de comunistas por criticar o preconceito. Ouvi isso na pista de caminhada do Parque Villa Lobos.

“também anda com roupa indecente!” Esse comentário sobre uma notícia de estrupo é TÃO asqueroso porque coloca a vítima no lugar de vilão. Como se usar uma blusa com decote ou qualquer roupa que seja estímulo para sofrer violência. Horror!
Ouvi essa fala de uma mulher que conversava com uma amiga na fila do cinema quando estava na entrada, Desisti da sessão. Que repulsa!

O preconceito adoece a sociedade. Logo mais publicarei outras frases que eu preferia nunca ter ouvido e que revelam o quanto a discriminação acontece todos os dias, em tantos lugares. São pessoas que tem destilam ódio.

quarta-feira, 26 de outubro de 2022

Assédio eleitoral

Assédio eleitoral. Está acontecendo, todo dia, toda hora. Vou contar dois casos recentes, um comigo na companhia de minha sogra e outro no trabalho de minha mãe.

1) Eu deveria ter gravado a fala do neurocirurgião nas consultas. Ótimo na análise do caso, péssimo na conduta com o paciente. Vendo que a minha sogra é do Ceará, já foi dizendo “é parente ou amiga do Ciro que agora também é Lula? Cuidado que a partir de janeiro se Lula for presidente a poupança será confiscada.” Constrangedor suas falas!
Gente você vai numa consulta que paga caro, depois de uma tomografia e ressonância, com apreensão pelo diagnóstico e tem que ouvir isso! Estava tão exausta por tudo que tem acontecido esse ano que não consegui retrucar. Meu olhar fuzilava e nunca desejei sair tanto de um lugar. NUNCA mais retorno nesse Doutor PHD na sua área e antiético com seus pacientes. Imagino que ele deve usar essa mesma fala em todas as consultas. NOJO!

2) Na empresa que minha MÃE trabalha, no dia de assinar o recibo de pagamento, a gerente chamou 1 por 1 dos funcionários em sua sala para questionar em quem votaria e defender o atual presidente. Minha MÃE respondeu na altura de sua Verdade. Que orgulho dessa Mulher, de uma de nossas Marias! De Fátima.

Assédio eleitoral é CRIME!

domingo, 31 de julho de 2022

Gratidão julho/2022

Manhã de domingo, 31/07/22. A claridade na minha janela anunciava que o dia já tinha nascido. Sentei na cama recordando o sonho estranho da madrugada. Sacudi a cabeça para que ele se vá e levantei. Rezei. Ouvi os pássaros cantando lá fora, o silêncio da casa e o sino dos ventos tocando.  O cheiro de café inundava a cozinha e eu refletia sobre o mês intenso que hoje chega ao fim.  Sentei contemplando a janela e tomei meu café solo com pensamentos flutuantes pelos dias de julho. Engraçado perceber o que aflora na memória.

As idas às sessões na Santa Cecília, consulta na Angélica, a alta médica no Tatuapé, os passeios das férias em que a Mãe não está de férias, os livros que li, os encontros com a família e amigos. Cabe muita vida dentro de um único mês. Eu tenho meus meses marcantes e julho é e seguirá sendo um deles. É o mês do nascimento da minha Elo Sagrado, logo no dia 01/07, a menina invernal deste hemisfério. E esse ano Isabelly teve passeio com amigos no dia e depois teve festa com seu tema preferido, o infinito universo que palpita em seus sonhos.

Tivemos também o Batismo da Joana, filha da minha prima Joyce. Que dia memorável em que essa criança foi abençoada pelo Espírito Santo na companhia de personagens que a amam e que celebraram com tanto afeto esse dia. Teve o café com a amiga, desses diálogos nutritivos que seguem reverberando. Fazia tanto tempo que eu não tinha um momento desses, na companhia de uma pessoa que tanto estimo. Quando eu voltava pra casa nesse dia determinei que vou marcar eventos assim com mais frequência. E sim, são necessários. É um cuidado!

Ah e por falar em companhia, meus livros foram e seguirão fazendo parte da agenda de todos os meses. Em julho eu li e escrevi sobre o livro do Abel Ferreira e sua equipe, Cabeça Fria, Coração quente. Minha simples resenha está publicada em meu Blog de Memórias. Outro que me fez cair em prantos foi uma dica do meu irmão Paulo Eugênio: Sou a Mãe dela de Adriana Araújo. Ainda vou escrever em lágrimas minhas impressões. No momento estou lendo outro livro que indico, do admirável Dr. Drauzio Varella: O exercício da incerteza. Que livros! Que leituras!

Com as meninas fiz dois passeios, na lotada Bienal 2022. Voltamos carregadas de livros e memórias. E serão tantas as viagens que faremos nas leituras dos livros que estão na fila da leitura. A melhor fila que conheço. E de novo com elas fui ontem a Estação da Luz, Museu da Língua Portuguesa e na Pinacoteca. As letras, a língua, as conexões, as cores, a arquitetura, o café, o relógio, os mirantes, o jardim da Luz, as avenidas e os personagens na arte criativa e viva que é a  cidade.    

Molhei o pão no café, sempre faço isso e sorri na alma das lembranças das aventuras do passeio do Zoo com os meninos. Do olhar das descobertas, dos risos e das conversas deles e da estreia de dois deles no metrô e ônibus. E promovi encontros com os meninos em casa. Teve o dia dos primos gêmeos Murilo e Miguel, outro dia do primo João e dos amigos Caique, Ian e Guilherme. E o Arthur também foi à casa do amigo Gui, aquele que é “seu amigo desde a gestação.” Amanhã será dia de retorno às aulas e hoje a tarde Arthur tem que fazer a lição das férias, um registro de julho com férias em casa.

E assim termino meu registro do mês. Não caberia nesta página todas as gratidões que sinto. Que eu tenha saúde e energia para seguir sendo CASA por onde meus passos seguirem. Obrigada ao capítulo julho de 2022. Que as janelas de agosto sejam iluminadas.

A bela foto da minha Isabelly, das janelas no Museu da Língua Portuguesa

sexta-feira, 6 de maio de 2022

Personagens do roteiro semanal

Manhã de sexta-feira, no trajeto de casa até escola e trabalho, eu vinha pensando nos personagens da semana. Foram muitos e eu agradeço por cada um que cruzou minha agenda nesses dias. Algumas pessoas das minhas relações cotidianas, próximas como os familiares e amigos, outros que posso não ver nunca mais e que, ainda assim, me marcaram com seus relatos. Todos os dias temos a oportunidade de aprender na partilha e eu sou grata pelos diálogos semanais que seguem reverberando na memória afetiva.

Na segunda-feira recebi o abraço e senti o sorriso do meu irmão Paulo Eugênio que veio nos visitar em pleno outono paulista. Sua presença vibra alegria. Não há medida ou adjetivo para nossas conversas e gargalhadas. Quanta gratidão por ser tua irmã e filha da Maria de Fátima. Depois de três anos, que presente sua Presença!

Na companhia dele, nesta quinta, na ida e retorno da Santa Cecília com nossa Isabelly, conhecemos outros personagens, o motorista de Uber viúvo, que perdeu sua esposa ano passado para a Covid e junto com sua Mãe está cuidando das 3 filhas pequenas. Rimos um bocado no trajeto falando sobre situações que, embora tensas, conseguimos extrair humor. O riso é um bálsamo. O Sr. do fusca, palmeirense das antigas, que é seu passageiro assíduo nos jogos, o acontecimento da feira do rolo, as turbinas perdidas, os shows no Allianz, os perrengues com os pedreiros e tantos causos que daria um livro essa corrida de cerca de 1 hora pela manhã de Sampa. Que resenha! No retorno, o taxista já aposentado do bairro familiar, que fica parte do mês em São Paulo para ganhar um trocado e outra parte no sítio, contando sobre as praias que conheceu no Ceará durante sua última viagem e da sua filha. Dessas conexões territoriais, já que meu irmão mora em Jeri e eu também conheço as praias que ele citou.

Voltando para segunda-feira, teve o reencontro com minha amiga na oração do Terço que fui rezar na sua casa. Na terça uma conversa rápida e sentida no mercadinho da vila, dessas que nos tocam. Arthur almoçando conosco, depois casa tia Lane. Quarta-feira o reencontro com Dr. Lucas no Tatuapé, ortopedista que está direcionando o tratamento da minha Isabelly. Trem, metrô, táxi, almoço na tia Lane. Ainda na quarta teve o reencontro em casa e a gratidão de ver mais um passo vitorioso da madrinha da Isabelly. E de novo na quinta-feira o reencontro com a fisioterapeuta Yara, que junto com a equipe está conosco no processo de fisioterapia e eletroterapia dos pés da nossa menina. Que atendimento acolhedor, quanto afeto que promove cura.

Ontem a noite, 05/05/22, foi dia do terço de Maria na capela Santo Antônio. Que oração abençoada na companhia dos alunos da catequese e crisma e das professoras. Sentir a presença Mariana e sua intercessão em nossas vidas anima nosso espírito. Meu sono foi reparador, com sonhos leves e despertei ecoando gratidão. A sexta-feira segue seu ritmo. Amém!

Quanta memória nessas imagens entrelaçadas deste roteiro semanal

sábado, 26 de março de 2022

Santas agulhas e terapias que curam

Assim eu costumo me referir à acupuntura, uma terapia que me ajudou muito e segue auxiliando. Eu conheci os benefícios das agulhas há mais de 18 anos quando sofria com crises recorrentes de enxaqueca. Já estava cansada das idas ao PS para as injeções. Lembro-me do dia que eu aguardava a consulta do neurologista e uma paciente me falou que além da medicação estava tratando com acupuntura. Eu perguntei ao médico e ele disse que recomendava sim. Jamais vou esquecer-me da Rosana, a primeira terapeuta que conheci. Ela falava com propriedade da técnica que aplicava, dos estudos que fez e fui melhorando a cada sessão. Claro que também tomei a medicação que o neurologista receitou quando tinha crise forte. Importante aliar o tratamento convencional com a terapia. Minhas crises diminuíram muito.

Os anos correram e eu voltei a fazer acupuntura recentemente por conta de lombalgia, bursite e estresse. O ortopedista prescreveu a acupuntura junto com a fisioterapia. Inclusive minha filha também faz as sessões e têm ajudado muito nas suas infecções alérgicas, asma e ansiedade. O atendimento da Alessandra é primoroso. Sentimos o Amor com que ela atende e isso faz toda diferença.

A acupuntura é uma técnica milenar que enxerga o corpo como unidade de energia. Quando estamos doentes é sinal de que há disfunção no fluxo, que estamos desequilibrados. E não apenas as dores físicas, também as emocionais. A acupuntura proporciona melhora no sistema imunológico ao restabelecer o equilíbrio energético dos meridianos e alinhamento dos chakras. A quantidade de sessões e a duração são variáveis de acordo com cada paciente. Desde a primeira sessão percebemos os resultados positivos. Não é a toa que muitos médicos estão prescrevendo o tratamento.

Eu indico confiante a acupuntura, e, especialmente, a terapeuta Alessandra da AW7 Bem Estar. As agulhas auxiliam na cura. Assim como outras terapias que proporcionam a saúde integrada.
Crédito imagem no link

domingo, 6 de março de 2022

Pronta para o ciclo 47

Ainda é verão, o domingo está bem abafado, típico da estação paulista e logo teremos Lua Nova no céu, a minha lunação, o Sol no meu signo, o marco de um novo ciclo que já palpita com os desafios da estação 4.7. Ela chega amanhã. Sim, 47 anos da menina que teimosamente “se criou”. É que nasci tão miúda que alguns disseram que eu corria o risco de não me criar. Certo é que não cresci muito na estatura, mas até que cresci um bocado em outros aspectos. Também pudera, tenho muitas cicatrizes tatuadas em meus sentidos, cravadas pelo aprendizado árduo e leve do caminho já vivido.

Minha estrada tem linhas retas, subidas, descidas e curvas, pontuadas em cenários distintos e com muitos personagens entrelaçados. Eu sou uma colcha de retalhos, enfeitada por cactos e flores, com delicadeza e espinho, com riso e lágrimas, com afeto, dor e saudade, com aroma de mato e perfume da maresia. Espie isso, desde pequena, a menina nascida no sertão do Araripe, que conversava com as marés no açude de minha infância, parecia já sentir o chamado das ondas. Fui arrebatada de emoção quando avistei o mar, o meu lugar sagrado no universo.

É elementar, eu sou das Águas! Da nascente que jorra, da cachoeira que lava a alma, do açude, do riacho, do rio que percorre distâncias para desaguar no oceano, desbravando os territórios na comunhão dos solos rasos e profundos. Ser das águas é sentir a força da transformação contínua, é saber que a cada passagem vamos sendo alimentadas, é compreender que o caminho nunca cessa, vamos mergulhando em outras águas e ampliando a percepção da grandeza dos laços que somos.

Hoje, nesse meu último dia dos 46 anos, eu agradeço por cada passo percorrido até aqui. Estou em transição, passando por momentos doloridos, surpresa com minha intuição aguçada, com a serenidade que estou sentindo diante das adversidades. No meio do turbilhão, emergiu o fogo da coragem para que eu possa enfrentar cada missão. Cada acontecimento tem um significado e uma sintonia com um Propósito Maior. Eu corri o risco de me criar e estou aqui, Mulher, Mãe, Avó, única e múltipla, pronta para mergulhar nas águas aprendizes do próximo ciclo. Vem 47!

A menina do sertão


A menina do Mar

A menina dos livros

Notas 01/2024

Muitos dizem que janeiro foi longo. Eu digo que foi ligeiro. Eita quanta vida em 31 dias. Já até virou capítulo de 2024. Foram tantas emoçõe...