segunda-feira, 22 de julho de 2024

Distraída ou mergulhada?

Como andam suas novas e antigas conexões?  Está se perdendo nas distrações? Ou tem conseguido concentração plena? Reflexões diversas dessa manhã invernal.

A transformação é contínua. A nova geração desconhece muitas das atividades que participamos e, embora, movimentos como o interesse por disco de vinil, encontros offline, desconexão do virtual e regresso ao real, estejam aumentando, há um número gigante influenciado pela era digital e suas alterações nas relações. Tudo tem dois lados, o bom e o ruim nesse contexto tem sido pauta de discussão. Ações de controle e segurança estão na agenda dos governos. Há muitos crimes praticados na Internet e precisam ser punidos. Todo exagero é nocivo e dependentes virtuais precisam de tratamento. Isso é bem sério.

Pessoas que ligam como eu são vistas como raras ou uma expressão que indica “antigo” que agora não lembro o nome que meu filho citou. Sim, nossos neurônios são afetados com o passar da idade. De vez em quando eu abro a geladeira e fico tentando desvendar: o que foi mesmo que eu vim pegar aqui? Voltando a ligação, sim eu gosto de ouvir e sentir a voz ao vivo. “Ah manda áudio” Não é a mesma coisa. Estou beirando a extinção? Talvez. Ainda bem que tenho amigas que atendem minhas ligações. Eu que amo o riso, ainda dou boas gargalhadas falando ao telefone em longas conversas.

Você viu o Status de fulano? Qual deles? Do WhatsApp eu nunca vejo, Stories do Instagram uns poucos que aparecem quando entro e saio, as vezes na velocidade de segundos. Minha mãe que tenta usar e já aprendeu alguma coisa do zap, vai enviar o resultado do jogo do bicho para amiga e coloca no Staus sem querer. Outro dia colocou a foto do cartão do banco. Felizmente um conhecido de plantão viu e me avisou. Liguei para minha mãe e disse que tinha faltado ela informar a senha de acesso. Pasmem!  Um dia minha mãe recebeu ligação de um desconhecido, um golpe, e lá estava ela indo fazer um depósito na conta de um tio. Ainda bem que eu interceptei a loucura. Imagina se ela usasse pix? Nem pensar. Está também proibida de atender ligações de números que não estejam em sua lista de contatos.

Antes eu era muito avessa a chamadas de vídeos, ando me acostumando, mas sou muito seletiva. Uso esse formato para me comunicar com minha filha e netos. A perene conexão de saudades acompanha meus dias nas chamadas Norte e Sul. Reuniões online podem ser produtivas? Depende da pauta, duração e outras variáveis. As que participei presenciais foram bem melhores. Uma dica é ter atenção plena na que participar e a pauta pode render. As distrações minam a produtividade. O contrário é real. Concentre-se total em uma atividade e o resultado te surpreenderá.

Eu te liguei várias vezes e você não atendeu. Está tudo bem? Sim, eu estava atuando, respondi. Ué voltou ao teatro? Ainda não. Sim, pense num palco e numa peça teatral, naquele momento você está entregue ao enredo e cenas. Pelo menos quando eu atuei senti assim. Então enquanto eu estava desempenhando a atividade, me desliguei de tudo mais e não atendi as ligações (inclusive meu telefone estava em um canto e eu noutro). Se me ligarem, enviarem mensagens, sinal de fumaça e eu não responder, já sabem que estou mergulhada. E isso vale para momentos de leitura, escrita, oração, música, podcast ou dormindo. Como sou matinal e acordo cedo, depois das 20:00 é bem difícil falar comigo.

Sim, ando ouvindo podcast. E até vencendo o desafio do microfone. Criei meu próprio podcast com a ajuda do meu irmão que já participa de um sensacional: Utopia X. O nosso Conecta Analice faz parte de um projeto que criei e estou desenvolvendo. Aprecio essa forma leve do podcast, um bate papo em que uma pergunta, resposta ou fala de um dos participantes, vai enlaçando outras e criando um diálogo nutritivo. Partilhar é verbo ação em meu cotidiano. Acredito na força da comunicação para agregar personagens e histórias que fazem diferença na vida das pessoas.

O virtual conduz ao presencial e vice e versa. Filtrar o conteúdo que importa e te faz bem pode ser um caminho. A conversa entre as gerações pode ser enriquecedora quando há respeito e interesse aprendiz. E não estou aqui para ditar nenhum modelo ou receita, afinal a que serve para um é diferente para o outro. E, ainda que mil pessoas façam uma mesma receita, o sabor será distinto. Para finalizar esses rabiscos pensamentos, digo que nenhum recurso de IA será mais criativo que o cérebro humano. Sei que o IA tem sido útil como tenho ouvido (ainda não utilizei em nada), pena é que seu uso criminoso já corre solto. Acredite que sua originalidade tem valor. Nesse mundo que te sufoca a seguir padrões, ser você mesmo, ainda que te chamem de estranho, é uma bênção.


Li recente sobre os benefícios da proximidade da natureza para a saúde. Das certezas que creio. Quanta bênção o tempo pausa da contemplação. 

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