Minha flor do deserto desfolhou. As folhas secas agora adubam a terra e pequenas novas folhas começam a surgir no seu novo ciclo. Seu tronco me lembra o Baobá. Lembrei-me das flores que desabrocharam há alguns meses e embelezaram meu quintal. Quantas vezes precisamos nos desfolhar para renascer? A cada fase lunar? No despertar do novo dia? O que levar na bagagem? O que se desfazer de vez? Na inquietude das perguntas que palpitam, o vento do outono sopra mudanças como um chamado.
Na minha quietude há um turbilhão de sensações que
latejam. Sim eu ando quieta na minha quaresma transformadora. Nesse espaço tão
meu que me convida a me escutar e se aproximar das minhas aspirações que tantas
vezes foram deixadas de lado. Talvez seja a maturidade da pré menopausa sacudindo
os sentimentos, ou apenas é chegada a hora de realmente me ouvir e fazer minhas
escolhas.
Nesse conflito de tantas situações e nas reflexões tão
profundas que afloram no meu silêncio, percebo o quanto me distanciei em alguns
aspectos dos caminhos que um dia sonhei trilhar. E sim eu me
dediquei muito e continuo me dedicando em tudo que me proponho a fazer, ainda
que as decisões tenham sido conduzidas por prioridades que não estavam alinhadas
com minha natureza. Não tinha como ser diferente diante das circunstâncias e tudo
bem pelo aprendizado.
Olho pra trás e vejo que me deixei de lado muitas vezes. Não sinto culpa nem estou culpando ninguém, foram meus passos e tudo teve um propósito. Minha entrega de amor ao mundo e as pessoas da trança de gente que sou. Mas e agora? A idade avança e o tempo ligeiro tem me convocado a encarar a estrada que tenho pela frente. Uma tempestade de fortes marés no rio de sentimentos para navegar. Para chegar ao mar tenho que atravessar muitos solos, alguns bem áridos, para ir cultivando a fertilidade dos meus desejos. Neste momento estou apenas desfolhada. Ei de florescer!
Nenhum comentário:
Postar um comentário