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segunda-feira, 16 de setembro de 2024

Caldeirão invernal

Aflição que queima
A primeira quinzena de setembro já foi. Ouço de muitas vozes com diferentes tons: o tempo está louco. Entre segunda e sexta voando, o final de semana num piscar. Com palavras diferentes, de falas também, que sinalizam um contexto similar. O tempo está mais ligeiro? Caminhamos em direção ao fim? O nosso como espécie que está, infelizmente, impactando outras tantas, nesse planeta ainda vivo, mesmo diante de tantas sequelas. Aqui no Sul global brasileiro ardemos em queimadas que ferem os biomas, sangra nossos narizes, adoece nosso sistema respiratório e outros emaranhados do corpo. O ar denso de poluentes, a mente cansada, o céu desapareceu, o corpo rastejando nas selvas das cidades, alguns orando pelas chuvas e tantas outras necessidades. Tempo de aflição. Fecho os olhos, ouço a voz de Vozinha: não esmoreça.


Quebras e renovações
Chegou a hora de livrar-me da banheira, que pela minha vaga lembrança, usei umas 2 vezes nos 13 anos que habito essa casa. A Isa e Arthur, usaram bastante nos banhos brincadeiras que já ficaram na memória. Ela permanecia lá e resolveu vazar. A água caça caminhos por entre as paredes e tetos e vai infiltrando. Não teve jeito e ela já está lá, quebrada na caçamba de entulho. Que libertação! Sim, aquilo que não usamos fica impregnado de energia parada. Uma pequena obra traz transtornos, mas é preciso coragem para resolver questões urgentes. Sem porta, sem piso, sem parte do azulejo, sem os utensílios de uso cotidiano, olho para o cenário desolador cheio de pó e penso nas dores que todo processo de renovação causa.

Riso que cura
Tenho acompanhado mãe em consultas e exames por São Paulo, a capital vizinha de Osasco que ela e muitos desconhecem. Apesar de andar muito por lá, a imensidão da cidade é tamanha, que muitas vidas eu precisaria para me dedicar a tarefa de desbravar os múltiplos lugares dessa Sampa, que sim eu Amo. No dia 11/09 eu e mãe fomos para Mooca. Estação Osasco, trem até Barra Funda e depois metrô. Chegamos ao hospital, tomamos um café próximo ao elevador. Tenho gosto por chegar adiantada em compromissos. Enquanto aguardávamos nosso café com pão de queijo, duas cenas tocantes. Uma mãe e uma filha, caminhavam abraçadas, ambas num amparo, na face de uma delas lágrimas quentes escorriam e eu senti a dor rasgar meu coração. Fiz minha prece silenciosa. Já degustando meu café com leite, vejo uma garota vindo do centro de especialidades, sem o lenço, sem cabelos e com uma aura que iluminou o ambiente. Nova prece. Seguimos para aguardar a consulta. Depois de um atraso de 3 horas, fomos atendidas na sala 11, para onde retornaremos em breve. Mãe encanta o médico com seu jeito ímpar. Nossa caminhada segue e que o riso continue sendo nosso aliado na cura. Amém!


Novo capítulo
Para um novo caminho, em outra especialidade. Dessa vez na Zona Sul, descemos, Isa e eu, no metrô Santa Cruz. No prédio da consulta, o som das águas nos recepcionando, um aroma delicioso suavizando os ambientes, um bálsamo diante da secura lá fora. A médica excepcional, dessas conexões valiosas que a vida nos presenteou. De lá saímos com a certeza de que a melhor das possibilidades será estudada e realizada no tempo oportuno. Já na rua, observamos o prédio conservado de uma unidade do Corpo de Bombeiros, entramos na centenária igreja Nossa Senhora da Saúde e fomos arrebatadas com tantos retratos da beleza da arte sacra que tocam nossa fé. Antes de pegar o metrô de volta, uma pausa para o lanche, teve o chocolate preferido dela e abastecidas retornamos. Santa Cruz, República, Butantã, ônibus e casa.


Inspiração que salva
Na sexta 13 o dia foi da Bienal. A festa dos livros, corredores cheios, estudantes, professores, amantes dos livros, lançamentos, autores, personagens e um mundo de saberes que multiplicam histórias. O livro é um universo. No sábado foi dia de gravação do podcast, um espaço de troca fértil que rende diálogos que nutrem. Teve encontro com amigos e muito mais. Eu poderia escrever muitas páginas sobre a semana de 08 a 15/09, tantos trilhos, portas, janelas, frases, orações, lágrimas, sorrisos, linhas e entrelinhas que seguem palpitando por aqui, mas esse pequeno ensaio termina aqui, porque a agenda da nova semana me chama. O som da chuva canta lá fora, vou ali preparar meu café. Hoje tem passagem por OZ e Lapa no destino. Que meus sentidos continuem sendo tocados por inspirações cotidianas. Bora!

sexta-feira, 31 de julho de 2020

Que a gratidão prevaleça

Encerrando mais um mês desse estranho ano de 2020. Tem uma mistura de sentimentos palpitando aqui. Que a gratidão exploda na frente e faça permanecer a esperança por dias melhores, por menos mortes, diminuição de contaminação, pela desaceleração dessa pandemia, pelo êxito das vacinas. Essa elevação das mortes me afeta muito, não são apenas números de estatísticas frias, são pessoas com seus laços. É doido demais. Tenho procurado acolher minha tristeza.

Eu rezo. Eu dou risada das tiradas do meu marido. Eu choro também e minhas lágrimas quentes se misturam no chuveiro. Eu que sempre enalteci a saudade feliz, daquilo que sentimos do que amamos, tenho sido cortada pela saudade latejante da distância que se alonga demais. O alongamento da quarentena parece não ter fim e sofremos, cada um do seu jeito, essa ausência dos encontros e abraços.

Hoje eu acordei ouvindo o canto do galo e dos pássaros saudando a manhã fria. Há um céu nublado e uma garoa fina. Ainda assim o som do despertar dessa aurora me trouxe um afago. Que a gratidão, a esperança, a fé e o amor, prevaleçam, sempre.

A árvore que acompanha minhas estações. Julho. Inverno. 2020. O ninho segue firme e inspirador


segunda-feira, 8 de outubro de 2018

O riso nordestino

Se tem uma coisa que admiro em alguém é o humor. A risada sempre fez parte da minha jornada. É um dos tesouros que acompanha meus passos. Já chorei de tanto rir. Eita coisa boa. Das graças de tio Berto, das tiradas do meu pai, do jeito ímpar de tio Doda e de tantos dos meus que sempre despertam minha gargalhada.

Em casa o riso também corre solto, a alegria é uma das nossas dádivas. E achei de casar logo com um cearense que tem um humor que rende crônicas cotidianas que nem sempre tenho tempo para escrever. Da primogênita ao caçula temos na risada uma marca familiar.

Hoje, no dia do Nordestino, eu tenho muita gratidão pela bênção de ter nascido nessa terra de gente forte que tem no riso uma riqueza marcante. Parabéns a todos os Nordestinos espalhados por esse mundo tão vasto quanto o céu do sertão!

Notas despedidas

O clima Meu corpo anda dolorido da avalanche de demandas  e cá estou para registrar minhas notas  nessa manhã quente da primavera paulista. ...