quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

Gratidão pelas memórias de 2020

Todas as memórias de 2020 são intensas. Que ano doido! O ano em que a ausência bateu forte, as restrições nos confrontaram com desafios novos, a saudade latejou como nunca. A falta da proximidade dos encontros e abraços. Foram dias, semanas e meses numa lonjura de lugares e pessoas que amamos. E iniciaremos o novo ano ainda nesse cenário. Ainda assim, estou viva nesse 31/12/2020 e sou muito grata por estar aqui, sentada no meu quintal, ouvindo os pássaros anunciando a alegria do amanhecer, ao lado das minhas plantas e flores, com um céu azul de pequenas nuvens brancas e com o coração transbordando de esperança sentindo a brisa de verão desta manhã.

As recordações de 2020 não caberão em nenhuma página ou livro, muito do que vivenciei ficaram entalados na garganta, presos na reflexão dolorida que sufocaram as lágrimas que um dia irão jorrar e nas lembranças que irei escrever. Sim eu escrevi muito pouco este ano, apenas pequenas notas rabiscadas. Enviei cartas para minha filha e vozinha, algumas escritas a mão, com minha letra quase indecifrável. Ainda gosto disso, ainda que um calo chato pelo jeito que seguro a caneta incomode. Ele fica marcado, como as letras escritas no papel, pintadas com lágrimas que secaram a folha e ainda assim, seguem na carta.

Eu li muito, Maya Angelou, Angela Davis, Djamila Ribeiro, Grada Kilomba, Miguel Nicolélis, Cidinha da Silva ...ah os livros foram e seguirão sendo companhias sagradas. Adoro cheiro de livro, folhear e marcar trechos. E por falar neles o Leia Mulheres presencial fez tanta falta. Foi nesse projeto ímpar que conheci autoras como Conceição Evaristo, Jarid Arraes, Gioconda Belli, Scholastique Mukasonga, Ana Rusche, Mariana Carrara, bell rooks minha próxima leitura e tantas outras escritoras maravilhosas. Laço duradouro que seguirei acompanhando. Ler é um hábito aprendiz e múltiplo. Minha filha Isa também mergulhou na leitura e sinto tanto orgulho de vê-la lendo com tanta sede. Incentive seus filhos a ler, é um exercício de amor.

Do verão em janeiro e agora de sua chegada em dezembro eu acompanhei a árvore do João de Barro. As mudanças nas estações, das folhas caindo até os galhos secarem, delas renascendo, crescendo e enfeitando o céu com sua copa frondosa. E o presente que veio na primavera com o novo ninho que vi sendo construído com maestria. Vidas florescendo no ninho casa. E que sejamos CASA onde quer que nossos passos caminhem. Vem 2021! 

Verão janeiro

Outono abril 2020

Inverno julho 2020

Primavera outubro 2020

Verão dezembro 2020

terça-feira, 1 de dezembro de 2020

Sobre dores, escolhas e levezas

Cada um sabe das suas dores e aperreios. Depois de muito tempo, procuro olhar cada situação com uma visão aprendiz. Não é fácil, nem sempre consigo, sigo tentando, é um processo persistente. Há dias que esmorecemos. Em outros renovamos as forças no clarear do amanhã. Até nesse ponto hoje me sinto mais madura, antes eu me crucificava quando eu não conseguia abarcar tudo. Hoje não, eu aceito que nem todos os dias eu vou conseguir cumprir todas as tarefas do cotidiano. Passei a me acolher também, respeitar meu limite para viver cada dia com mais leveza. Até voltei a caminhar. Um exercício de Amor. Sim e ando tão seletiva ou, como diz meu marido, cada dia mais chata. Segundo ele é a menopausa. Ou o amadurecimento. Ou a soma dos dois, o certo é que os cabelos brancos pipocam. Como diz meu irmão: “relaxa Maria Ivone”. Eu respiro e sorrio ouvindo sua voz que vem na brisa pensamento trazida pelo mar da saudade. Não estou nem no seu rastro de leveza meu irmão, mas prometo que estou melhorando.  Assim evito outra úlcera e coisas do tipo que corrói os órgãos e a alma. Fazia tempo que eu não escrevi e voltei também a rabiscar. Antes que a quarentena acabe meu caderno estará cheio de cartas.



Notas 01/2024

Muitos dizem que janeiro foi longo. Eu digo que foi ligeiro. Eita quanta vida em 31 dias. Já até virou capítulo de 2024. Foram tantas emoçõe...