O título faz menção ao mês de Maio, de Maria, uma referência a minha devoção de Nossa Senhora, a Mãe do Salvador do mundo. O calendário segue, com alegrias, tristezas, dores, encontros, saudades e esperanças no plural sim, porque eu a invoco para inflamar meus sentidos diante das tribulações. Domingo dia do Terço Glorioso, da glória que veio depois do sofrimento da paixão. Um bálsamo que contagia meu espírito, um sinal fervoroso de que SIM, dias melhores estão no horizonte.
Muitos acontecimentos cabem no mês, semana, dia, noite e até
no instante que tem a capacidade de se tornar eterno pelo amor que ele
representa. Neste mês das Mães em que homenageamos a Santíssima Virgem Maria,
exemplo supremo de amor de Mãe, eu seguro em suas mãos intercessoras e sinto a
firmeza de sua proteção. Te agradeço Nossa Senhora de tantos Retratos por me
ensinar que no Amor reside a fortaleza divina. Agradeço-te Mãe por me cobrir com
seu manto que acalma minha tempestade, ainda que ela esteja feroz.
Refletindo nessa tarde de domingo sobre o mês que caminha
para ser encerrado, eu sinto gratidão pelas graças do cotidiano que revelam que
a grandeza da simplicidade é uma dádiva. Quantas vezes deixamos de enxergar o
valor das pequenas bênçãos? E assim vamos nos afastando da presença de Deus. Quantas
pessoas chegou perto de você para falar bem de outra ou te levar uma palavra de
afeto? Quantas vieram te falar sobre algum assunto bombástico do momento? Quais
livros te indicaram ou podcast sobre assuntos relevantes? Alguém te convidou
para uma oração ou você se propôs a ser escuta plena?
Em uma sociedade do cansaço que te cobra dar conta de tudo,
observo gente encurralada pela pressa, que sequer observam os detalhes que
estão ao seu redor. Correndo para caber em medidas ditadas por padrões, muitos colocam
sua atenção em elementos rasos de “receitas” que não combinam com sua
verdadeira essência. Muitos leem apenas as chamadas de alguma postagem e já se
consideram phd em pautas que não se aprofundam para desenvolver uma leitura
crítica. Contagiados pelo excesso de informação, apenas reproduzem sem filtro.
Precisamos pausar para ressignificar nossos passos.
Neste 25/05, domingo, eu acordei rezando. A oração tem me aproximado do silêncio. Visitei minha amada mãe, tomei café escutando seu riso, que presença afetuosa. O Cosmos parecido com o Cacau da Bruna e Henrique, estava sorridente em sua companhia. O cachorro que enxerga com os outros sentidos, o companheiro do nosso caçula. No fogão, o almoço colorido e delicioso para a visita que ela convidou, a outra avó paterna dos meus filhos. A generosidade, simplicidade, alegria e ternura de Maria de Fátima, que tenho a honra de chamar de Mãe, são cenas e ensinamentos que nos conectam com a natureza do amor.
Na feira, o pastel, o caldo de cana, o milho, tapioca, alho,
hortaliças, legumes, temperos, frutas, cores, falas, risos, aromas e tantos
elementos desse espaço coletivo que deixa a rua repleta de bancas
e de encontros. Foi a primeira vez que fui à feira esse mês, já estava com
saudades, esse lugar tem jeito de Mãe, recordações
dos meus irmãos, dos primos e de tantos conhecidos do bairro. As barracas palpitam
lembranças, os brinquedos dos filhos e netos, o pastel de gerações entrelaçando
memórias. Na minha história de todos os meses que já vivi e dos que, com a
graça de Deus, irei viver, memórias afetivas são os tesouros que cultivo.
Ah Maio, mês de um dos momentos mais intensos que seguem
tatuados em minha alma, quando eu ainda era menina, no dia 31/05 de outrora, na
novena derradeira, obrigada por este maio dos meus 50 anos. A Maria encerra
essas notas mensais, agradeço a leitura dessas linhas desconexas, sem edição,
apenas letras do coração que lateja saudade.