O amadurecimento amplia nossa percepção do
quanto a vida é cíclica. Observar a passagem das estações no meu jardim é uma
das formas que pauso para enxergar nesse movimento a passagem do tempo. Os
últimos 3 anos foram doloridos em diferentes contextos e, apesar das dores, tenho
agradecido pela transformação que esse processo de transição está sacudindo
aqui. Um dos desafios é alinhar cada vez mais as escolhas com a minha
natureza para priorizar minha saúde integral. Nessa tormenta de flechas
incendiarias de todos os lados, mergulhar no silêncio tem sido um bálsamo.
Menos é mais e vice e versa.
Enxergar o aprendizado do caminho percorrido, erros e acertos, perdas e vitórias, e sentir-se viva para vislumbrar no
horizonte o potencial de fertilizar novas gestações, traz muita esperança.
Olhar o passado ressignificando cruzes que latejam, tem me ajudado a cicatrizar
pouco a pouco feridas que ainda sangram. Quantas vezes fugimos desse confronto?
Lançar luz sobre a escuridão te obriga a encarar de novo, mas agora com outra leitura, sentimentos que carecem de cura. Navegar nesse oceano revolto para
chegar a outra margem não é apagar a memória, é um chamado para recomeçar com
uma bagagem mais leve. Muitos chamam de deserto e temos que exercitar a
resiliência para encontrar o oásis nele e beber da fonte da renovação.
Pausar é uma afrronta em uma sociedade que te cobra a ser competitivo e produzir freneticamente. É preocupante o quanto essa cobrança e necessidade tem adoecido as pessoas. Os números do estresse, burnout e outros
distúrbios físicos e psíquicos retratam o saldo dessa lógica do consumo
excessivo em diversas linhas. No outro extremo, tenho visto pessoas retomando
conexões reais e alterando a rota em busca de um equilíbrio sustentável, algumas
depois de passar por situações severas de exaustão e rupturas desencadeadas por
relações alimentadas por esse sistema doentio, que tem nos números o maior
valor. E o que fazer com as sequelas? Uma motivação para uma nova caminhada
acreditando na sua capacidade regenerativa. Você não está sozinho e buscar
apoio nessa transição é fundamental.
As experiências marcam. Estar diante da fragilidade e finitude é um convite
amargo e doce, uma dualidade que nos faz valorizar o que é eterno na
existência. É um valor que não tem medida. É indizível. Demonstrar sua
vulnerabilidade também é uma fortaleza. Tem que ser forte. Você é guerreira.
Quantas vezes ouvi isso enquanto eu estava dilacerada? Muitas. Precisamos nos
permitir sentir e ser. Acredito que é nesse partilhar que vamos nos libertando e sarando.
Dizem que nessa fase da menopausa vamos ficando mais chata, eu substituo por
seletiva. Claro que os muitos sintomas provocam um turbilhão. No meu caso tenho refinado meu filtro.Por exemplo, vejo muito carisma fake, gente que atua com
falsa alegria apenas para vender produtos, serviços ou sua máscara, sendo
influencer de mentiras, mascarando violências e entrando nessa bolha de
padrões. O afastamento dessa rede faz bem. Aguçar a intuição para focar em relacionamentos que nutrem faz toda
diferença.
“Dar o coração para uma nova criação, para uma nova vida...é uma descida ao reino dos sentimentos. Pode ser difícil, especialmente se estiver ferido...No entanto, ele existe para ser tocado, para dar vida plena...” Clarissa Pinkola Estés
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