terça-feira, 27 de abril de 2010

Os personagens do bairro

Eu lembro um belo texto do Ferreira Gullar que li faz tempo no qual ele escreveu que embora moremos em uma grande cidade, é no bairro que concentramos nossas atividades do cotidiano. É aqui nossa casa, a rua, a padaria, a praça, a escola, o correio, a banca de jornal, os bazares, lojas e tantos outros pontos por onde circulamos e vamos construindo relações com os personagens do bairro. É aqui que passo o maior tempo da minha vida.

Todo lugar tem seus personagens. Hoje pela manhã encontrei uma especial e instantaneamente minha mente fez os links com o texto do Gullar e com outras pessoas. Ela é a vó, não a minha, mas chamo-a assim. É avó de um amigo da família e ela adora andar e viajar. Eu a encontro sempre pelo bairro. Às vezes está vindo da missa na Matriz, de outro bairro, de São Paulo ou chegando de uma de suas viagens. Admiro sua vitalidade e energia de viver. É mesmo um exemplo. Sempre atenta, entusiasmada, carinhosa e com uma palavra e vibração positiva para transmitir.

Na mesma rua que ela mora e na mesma casa que já morei há tempos atrás tinha outra vó. Essa se mudou faz cerca de 1 ano. Todos a conhecem como 10 centavim. Isso porque todos que passavam por ela eram informados de que ela não tinha 10 centavim para comprar o leite para a filha. Certa vez vieram me dizer que era para comprar vinho. Seja como for, nunca em muitos anos que a encontrei praticamente todos os dias, encontrei-a alterada ou soube de algum acontecimento. E, vinho com moderação faz bem ao coração. Ela tem uma neta que é uma mulher adorável e uma excelente profissional de beleza que sempre a repreendeu por esse hábito. Conheço sua mãe e admiro sua bondade e amor pela família. É uma mulher de fé que freqüenta a igreja onde casei. E hoje ao ver a vó do meu amigo, lembrei da vó dos 10 centavim. Espero que ela esteja com saúde e feliz no novo bairro da cidade que está morando.

No domingo, dia da feira, é dia de encontrar muitas pessoas. Se for acompanhada de minha mãe então, demora para voltar pra casa. Até ela trocar figurinhas dos sonhos para decifrar o bicho e outros assuntos mais, a manhã corre. A feira é mesmo um local de cores, sabores e encontros. E o melhor pastel da cidade está na banca dos japoneses da feira da Analice Sakatauskas. É uma excelente pedida com caldo de cana. E tem também o casal do Rio Grande do Norte que vende tapiocas e delícias de milho. E, claro, a banca da batata com o pai e filho atenciosos é sempre uma parada obrigatória. Quantos personagens na feira, no bairro, na cidade, na vida.Esse é meu irmão Henrique. Ele é também um personagem do bairro e tem a inteligência e ousadia de escrever as histórias em um Blog diferenciado: cada post, uma surpresa. Leia e indique o castelo de palavras mais criativo e divertido que conheço

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